Um terço da renda familiar de setembro de Osmarina Rischioto, 35 anos, foi para pagar despesas extras com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ela se inscreveu para fazer a prova em Curitiba (PR), onde morava na época. No entanto, sem emprego desde fevereiro, precisou voltar para a casa dos pais, agricultores, em Jundiaí (SP). Como não tinha conseguido com o Ministério da Educação (MEC) trocar o local de prova, resolveu fazer a viagem assim mesmo.
“Não podia deixar de ir à prova. Quero muito fazer uma faculdade e, por isso, dependo do Enem para tentar uma bolsa do ProUni [programa do governo federal que concede bolsas de estudo]. Precisei pegar dinheiro emprestado com o meu pai. A conta deve sair R$ 300 com o ônibus e alimentação”, calcula.
O orçamento da família não ultrapassa R$ 900, somando a pensão do pai aposentado e o que a mãe ganha com a venda do pouco produzido no quintal do sítio onde vivem. Esse dinheiro paga o sustento de quatro pessoas: os pais, Osmarina e o filho dela, de 11 anos.
Com dias de antecedência da prova, então, foi para a casa de uma amiga, onde ficaria hospedada até domingo (4), quando seria o último dia de aplicação do exame. Mas todo o esforço foi à toa. As provas foram canceladas na quinta-feira (1) após suspeita de fraude.
“Não acreditei quando vi a notícia de que não aconteceria mais. É uma falta de responsabilidade social deixar acontecer algo assim. O governo não tem noção do transtorno que isso causa na vida das pessoas.”
Ex-funcionária de uma fábrica, onde trabalhava como técnica em plásticos, ela afirma que não vai desistir de fazer uma faculdade. “Meu futuro depende disso. Preciso de um diploma para melhorar de vida”, diz a candidata a uma vaga de engenharia.
No adiamento da prova, ela só vê um ponto positivo. “Quem sabe agora eu consiga alterar o local de prova. Já mandei e-mail, tomara que dê certo”, diz, esperançosa.
E eu achando bom que não haveria ENEM pois não perderia a Crisma...
By:G1
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